Um dos episódios fundamentais para a conciliação entre negros e brancos na formação da atual nação da África do Sul foi protagonizado por Nelson Mandela em 1985, que conseguiu unir o país pela linguagem universal do esporte.
Este episódio foi narrado no filme Invictus produzido e dirigido por Clint Eastwood em 2009, com a participação de Morgan Freeman como Mandela e Matt Damon no papel do capitão do time de rugby François Peinaar.
O nome Invictus deve-se ao poema que foi uma importante fonte de inspiração para Nelson Mandela conseguir se manter emocional e espiritualmente equilibrado durante os 27 anos de prisão. Com isto, saiu de um longuíssimo período de prisão para assumir a presidência de seu país e unir seu povo.
Invictus foi escrito pelo inglês William Ernest Henley (1849-1903). Aos 12 anos de idade, Henley foi vitimado pela tuberculose vertebral (doença de Pott), uma complicação da tuberculose pulmonar que ataca a caixa toráxica e a coluna vertebral, eventualmente se estendendo a outros ossos. Provoca deformação e necrose óssea, podendo levar á morte.
Alguns anos mais tarde, quando já tinha 25 anos, a doença havia progredido para seu pé. Os médicos declararam que o único meio de salvar sua vida seria amputar logo abaixo do joelho. Na cama do hospital, convalescendo após a operação, Henley escreveu o poema Invictus. A despeito de sua doença, ele sobreviveu com um dos pés intacto e levou uma vida ativa até sua morte aos 53 anos.
Quando escreveu este poema, Henley não colocou qualquer título. O conhecido título “Invictus” foi dado por Arthur Quiller Couch, quando incluiu o poema no “The Oxford Book of English Verse”, em 1900.
Este poema impressionou-em muito e o utilizei em trabalhos terapêuticos que fiz com alguns pacientes em psicoterapia. Fiz uma versão do poema para o português, buscando preservar seu espírito, mas tomando algumas liberdades quanto às palavras. A seguir a versão original em inglês, seguida da tradução:
Out of the night that covers me,
Black as the pit from pole to pole, I thank whatever gods may be For my unconquerable soul. |
In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud. Under the bludgeonings of chance My head is bloody, but unbowed |
Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade, And yet the menace of the years Finds and shall find me unafraid. |
It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll, I am the master of my fate: I am the captain of my soul. |
Superando a noite que me cobre,
Negra como o abismo de polo a polo,
Agradeço a quaisquer deuses que por ventura existam
Por minha alma inconquistável.
Na garra cruel da circunstância,
Não tremi nem chorei alto.
Sob a cacetada da sorte,
Minha cabeça está sangrando, mas não abaixada.
Além deste lugar de raiva e lágrimas,
Ameaça, porém, o Horror da escuridão,
Mas até mesmo a expectativa dos anos
Encontra-me e me encontrará sem medo.
Não importa quão estreita a porta,
Quão pesada a lista de sofrimentos,
Eu sou o mestre do meu destino:
Eu sou o capitão da minha alma.
Leonel,
ResponderExcluirRealmente é profundo. Fiz exatamente o que combinamos e percebi a diferença claramente.
O final "Eu sou o mestre do meu destino:
Eu sou o capitão da minha alma." é importante ser lembrado nos momentos que nos deparamos com certas insatisfações. As vezes falta lembrar que certas situações nós escolhemos lá atras e, apesar de termos a maior responsabilidade sobre, sempre temos chance de refletir e e tomar novas decisões, pois somos mestres dos nossos destinos.
Muito obrigada, abs.
É, este poema é forte, mais ainda quando conhecemos a vida do poeta e as condições nas quais ele o escreveu. Não é à toa que inspirou Mandela em momentos extremos de sua vida, ajudando-o a manter a consciência e a dignidade.
ResponderExcluirFico feliz de tê-la tocado também e ajudá-la na suas batalhas, no seu bom combate como mãe, esposa, dona de casa, profissional, amiga, filha etc....
Grande abraço!