segunda-feira, 29 de outubro de 2012

AS 6 VIRTUDES E AS 24 FORÇAS DE CARÁTER

Veja também a 1a. parte deste texto: FORÇAS DE CARÁTER E VIRTUDES (CSV)

1. SABEDORIA E CONHECIMENTO: Forças cognitivas que promovem a aquisição e o uso do conhecimento
Criatividade e Originalidade: Pensar novas e produtivas maneiras para fazer as coisas. Uso de comportamentos criativos para a resolução de problemas. Inteligência prática para a geração de soluções inovadoras.

Curiosidade e Interesse pelo Mundo: Receptividade às experiências: interessar-se pelas novas experiências de vida, curiosidade acerca do mundo. Flexibilidade em relação a questões que não se enquadram em conceitos preestabelecidos.

Amor pelo Conhecimento: Valorização da aprendizagem e do conhecimento, ainda que não haja incentivos externos para isso. Aprender novas habilidades, assuntos e áreas de conhecimentos.

Mente Aberta: Analisar as coisas sob diversos pontos de vista, principalmente durante a tomada de decisão. Usar evidências sólidas e critérios objetivos para a decisão.

Perspectiva: Visão global e madura dos fatos, do mundo e das pessoas – o que o torna referência para outras pessoas, as quais recorrem a você em busca de uma melhor perspectiva de si mesmas e de seus problemas.


2. CORAGEM: Forças emocionais que envolvem a determinação de atingir metas superando oposições externas e internas
Autenticidade: Dizer a verdade, viver e se apresentar de maneira genuína e autêntica. Ter comportamento compatível com os próprios valores pessoais.

Bravura: Não se encolher, recuar ou fugir diante de obstáculos, ameaças, desafios, dores ou dificuldades. Postura intelectual e emocional de independência, mesmo quando isso seja impopular e difícil.

Persistência: Terminar o que começou. Quando assumir projetos difíceis, leva-los até o fim, sempre com bom humor e sem reclamações. Perseguir com determinação as metas.

Entusiasmo: Atirar-se “de corpo e alma” às atividades que assume. Ter paixão “contagiosa” em relação às atividades a que se dedica. Capacidade de se motivar e motivar/ inspirar as outras pessoas.


3. HUMANIDADE: Forças interpessoais que envolvem “ternura e fraternidade” para com os outros
Bondade: Levar os interesses dos outros seres humanos tão a sério quanto os próprios. Proteger e ajudar outros; realizar favores e boas obras para outros.

Amor: Valorizar os relacionamentos próximos e íntimos. Nutrir sentimentos profundos e duradouros e ser capaz de recebê-Ios de outras pessoas.

Inteligência Social: Conhecimento/ capacidade de perceber os motivos, temperamento e sentimentos de si mesmo e dos outros, e usar esse conhecimento para orientar o próprio comportamento.


4. JUSTIÇA: Forças cívicas que promovem uma vida comunitária saudável
Eqüidade: Tratar a todos de acordo com os princípios da equidade e justiça. Não permitir que sentimentos pessoais influenciem em decisões envolvendo terceiros. Não ter preconceitos. Ter o comportamento guiado por princípios morais solidamente estabelecidos.

Liderança: Capacidade de organizar, com eficácia, as atividades de pessoas e grupos e criar condições para que tais atividades aconteçam, administrando conflitos, educando e desenvolvendo os liderados, agindo com firmeza, humanidade e justiça.

Trabalho em Equipe: Trabalhar bem como membro de uma equipe de trabalho. Destacar-se como membro de uma equipe, ser leal e dedicado, esforçando-se pelo sucesso da equipe. Valorizar as metas e propósitos da equipe. Respeitar as posições de autoridade na equipe.


5. TEMPERANÇA: Forças que protegem contra excessos
Perdão: Perdoar aqueles que erraram ou lhe fizeram mal. Dar novas chances. Ter como princípio orientador a misericórdia e não a vingança.

Modéstia: Deixar que suas realizações falem por sim mesmas. Não se colocar em evidência. Ser despretensioso. Não acreditar que vitórias e derrotas passageiras influenciem demasiadamente o grande esquema dos acontecimentos.

Prudência: Ser cuidadoso em suas escolhas. Não fazer ou dizer coisas das quais possa se arrepender posteriormente. Informar-se bem antes de agir. Ponderação.

Auto-controle: Controlar seus sentimentos, impulsos, desejos e necessidades, quando isto é adequado.


6. TRANSCENDÊNCIA: Forças que impulsionam as conexões com o universo como um todo e dão significado à vida.
Apreciação da Beleza e da Excelência: Apreciar a beleza, a excelência e a habilidade em todos os setores: na natureza, na arte, na ciência e em todos os momentos da vida diária. A apreciação, quando intensa, vem acompanhada de surpresa e admiração.

Esperança: Esperar o melhor e trabalhar para realiza-lo. Planejar e trabalhar esperando sempre pelo melhor. Postura positiva em relação ao futuro, garantindo o bom ânimo no presente.

Humor: Gostar de rir e fazer rir. Conseguir ver facilmente o lado alegre da vida. Ter bom humor e saber se divertir, quando a ocasião assim o pede.

Gratidão: Estar consciente e grato pelas boas coisas que acontecem. Apreciar a excelência do caráter moral de alguém. Admiração, agradecimento e apreciação pela própria vida.

Religiosidade: Ter crenças sólidas e coerentes acerca do propósito maior e do significado do universo, que forneçam uma fonte de conforto e uma filosofia de vida articulada – religiosa ou não – que o situe num quadro maior de transcendência.


Referências:
APOLINÁRIO, F. O resgate do caráter: Como a Psicologia positiva colocou o caráter e as virtudes na agenda científica. Ciências & Vida Psique, edição especial n. 08, p. 44-48.
SELIGMAN, M. E. P., STEEN, T. A., PARK, N., & PETERSON, C. Positive Psychology Progress; empirical validation of Intervention. American Psychology, n. 5, vol. 60, p. 410-421, 2005 - http://www.authentichappiness.sas.upenn.edu/images/apaarticle.pdf.
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos: Filosofia espiritualista. Tradução de José Herculano Pires. 5a edição – São Paulo: FEESP, 1991.

FORÇAS DE CARÁTER E VIRTUDES (CSV)


O CSV –Character Strengths and Virtues (Forças de Caráter e Virtudes) representa o mais ambicioso projeto de pesquisa (CSV; Peterson & Seligman, 2004) do movimento da Psicologia Positiva. Diferentemente da CID-10 da Organização Mundial da Saúde, ou da DSM-IV da Associação Americana de Psiquiatria que descrevem e classificam desordens psicológicas que incapacitam os seres humanos, a CSV descreve e classifica forças e virtudes que promovem a saúde mental e o desenvolvimento humano.

A pesquisa para desenvolver o CSV começou com a leitura e análise dos textos fundamentais de todas as principais religiões e tradições filosóficas, com o intuito de se descobrir quais as virtudes valorizadas por essas diversas tradições. Foram analisadas, por exemplo, as principais tradições filosóficas gregas (Sócrates, Platão, Aristóteles, os estóicos e os epicuristas), o Novo Testamento, Santo Tomás de Aquino, o Velho Testamento e o Talmude, os ensinamentos de Confúcio, Buda, Lao-tsé, os Upanishadas e o Bushido samurai, num total de cerca de duzentos códigos de conduta e virtude. Posteriormente, pesquisas em 40 países revelaram um alto grau de concordância (cerca de 80%), entre as populações dos diferentes países, com as virtudes definidas e as forças de caráter a elas ligadas.

Relacionando as conclusões desta pesquisa com a Doutrina Espírita, verificamos que as virtudes e as forças de caráter identificadas estão coerentes com os ensinamentos dos espíritos sobre as Leis da Adoração, de Trabalho, de Conservação, de Sociedade, de Progresso, de Igualdade, de Liberdade, de Justiça, Amor e Caridade descritos no Livro dos Espíritos (LE, caps. II, III, V, VII, VIII, IX, Xe XI), bem como com a Perfeição Moral (LE, cap. XII), que as abrange e completa.

O esquema geral da CSV envolve seis virtudes abrangentes que quase todas as culturas no mundo inteiro valorizam: sabedoria, coragem, humanidade, justiça, temperança e transcendência (Dahlsgaard, Peterson & Seligman). Sob cada virtude, a pesquisa identificou forças específicas de caráter, seguindo os seguintes critérios na escolha de cada força:

Ubiqüidade – ser amplamente reconhecida em um grande número de diferentes culturas em todo o mundo.
Plenitude – contribuir para a plenitude, satisfação e felicidade humana, entendidas de uma forma ampla.
Valor Moral – ser valorizada por si mesma e não como um meio para se atingir um fim.
Não Diminuir os Outros – elevar a pessoa que a desenvolve, produzindo admiração, não inveja.
Opor-se à Infelicidade – ser um oposto óbvio do que é negativo.
Ser um Traço de Caráter – ser uma característica individual que demonstre estabilidade nas situações em geral.
Mensurável – ter sido mensurada com sucesso por pesquisadores como uma característica presente de forma diferenciada em cada pessoa.
Distinta – não ser redundante (conceitual ou empiricamente) com outras forças de caráter.
Ser um Modelo de Referência – ser encontrada de forma marcante e exemplar em alguns indivíduos.
Prodígios – aparecer de uma forma prodigiosa em algumas crianças ou jovens.
Ausência Seletiva – estar ausente em alguns indivíduos.
Institucional – ser um objetivo deliberado de práticas e rituais sociais que buscam cultivar esta força nas pessoas.

Veja a sequência desta postagem: As 6 Virtudes e as 24 Forças de Caráter

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

NÃO PODEMOS FAZER UM NOVO COMEÇO, MAS UM NOVO FIM


 Um amigo, que chamarei aqui de Leôncio, contou-me sobre um estranho fenômeno que ocorre eventualmente com ele. Leôncio faz trabalho voluntário com famílias carentes e, num passado próximo, trabalhou também com  moradores de rua. O fenômeno é o seguinte: olhando para a pessoa à sua frente (assistidos com os quais trabalha), visualiza, às vezes com muita clareza, uma imagem dela como teria sido numa existência anterior. 
        Assim, mendigos transformam-se em orgulhosos nobres ou ricos comerciantes, mulheres maltrapilhas em damas altivas e ricamente adornadas. Junto com essas visões, vêm-lhe também, num rápido flash de segundos, uma espécie de filme compacto de aspectos da vida anterior da pessoa em ambientes nos quais teria vivido. De coisas que teria feito e/ou deixado de fazer relacionadas às atuais condições e dificuldades da existência atual.
        Vendo tais coisas, ele compreende muito do porquê do comportamento, expressões e atitudes da pessoa que está assistindo.                                                  
       Conheço Leôncio há muitos anos e o vejo como uma pessoa com "pé no chão", não propenso a devaneios e um pouco "São Tomé" (aquele que precisa ver evidências concretas para crer). Ou seja, não sofre de transtorno mental com surtos delirantes, nem é alguém de mente frágil que se deixe levar facilmente pela imaginação, a ponto de não distinguir realidade de fantasia.
       Por ser espírita, Leôncio aceita com tranquilidade tais visões: não se empolga com elas, nem se assusta. As imagens vem-lhe quando está tranquilo, equilibrado, e trazem com elas um sereno sentimento de verdade.
       Para ele, tais experiências reforçam sua crença na reencarnação e na lei cármica da ação e reação, a qual nos ensina que nossa vida atual, potenciais e tendências (positivas e negativas) são produtos de nossas ações anteriores. E que nossa situação atual não implica num destino fixo, mas dinâmico, pois, como disse Chico Xavier, embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim".

domingo, 14 de outubro de 2012

Embriões congelados: espíritos ligados por até 12 Anos


Este é uma outra preciosa colaboração do Álvaro Vannucci aos leitores deste blog. Este artigo, escrito em parceria com Alexandre Fontes da Fonseca, detalha aspectos do tema dos embriões congelados do artigo anterior, Embriões Congelados x Células-Tronco: Um Alerta! Foi publicado originalmente na Revista Internacional de Espiritismo, Ano LXXX, No 3, Matão, Abril de 2005. Pode ser encontrado também no site Espiritualidade e Sociedade.

Alexandre, na ocasião da publicação, era pós-doutorando do Instituto de Física da USP, em São Paulo, membro do conselho editorial do Boletim do GEAE (http://www.geae.inf.br), colaborador do Centro Espírita Allan Kardec, em Campinas, e colaborador do Centro Espírita Irmão Agostinho em Brotas, SP. Alvaro, já apresentado no artigo anterior, é Físico e Professor da Universidade de São Paulo.

O caso do nascimento de gêmeos em Israel a partir de embriões congelados revela: os espíritos que reencarnaram por esse processo permaneceram ligados ao embrião por 12 anos!

Recentemente, a literatura científica registrou um caso de nascimento de bebês a partir de embriões congelados que permaneceram congelados por 12 anos [1]. Neste artigo pretendemos abordar o tema “embriões congelados” e o possível uso de suas desejadas células-tronco, baseando-nos no fato científico acima, lembrando das palavras de Kardec: “Os fatos, eis o verdadeiro critério dos nossos juízos, o argumento sem réplica. Na ausência dos fatos, a dúvida se justifica no homem ponderado.” (Ítem VII da Introdução de O Livro dos Espíritos [2]). Antes desse caso, o maior período de tempo em que um embrião permaneceu congelado - e foi utilizado para o nascimento de um bebê - foi de 7 anos [3].

O processo usualmente empregado é conhecido como criopreservação que consiste no congelamento e preservação de embriões humanos à temperaturas muito baixas (temperatura do nitrogênio líquido: 196 oC NEGATIVOS) [1]. Desde o nascimento do primeiro bebê de proveta em 1978 [4], o processo de fertilização in vitro, isto é, dentro de um tubo de ensaio, se tornou uma forma de tratamento muito comum para o problema de esterilidade. Devido ao fato de que apenas 20% a 30% dos embriões produzidos pela técnica de fecundação in vitro resultam em gravidez, à cada tentativa os médicos inserem vários embriões ao mesmo tempo no útero da mulher. No entanto, devido a fatores de ordem financeira [5] e ao período fértil da mulher [5], um número maior de embriões é produzido por ocasião de uma fertilização in vitro, onde o excedente é destinado à criopreservação para que novas tentativas sejam feitas posteriormente, caso seja necessário ou desejado pelo casal.

Um importante detalhe é que somente no processo de congelamento e descongelamento, 30% dos embriões morrem [5]. Apesar de existirem pesquisas que buscam minimizar esse índice de mortalidade [6], não existe técnica que garanta 100% a sobrevivência de todos os embriões que passam pelo processo de criopreservação.

Diante desse contexto, analisaremos os aspectos doutrinários relacionados ao tema servindo-nos das questões de 344 a 360 de O Livro dos Espíritos [2]. Se um espírito, de fato, se liga ao seu futuro corpo no momento da concepção (questão 344) então, desde a primeira divisão da célula-ovo já temos um ser humano que, mesmo em formação, tem o seu direito à vida resguardado pela Lei (dos homens e de Deus). Por outro lado, se existem corpos para os quais nunca houve um espírito ligado (questão 356), isso significa que alguns embriões não possuem espírito e, portanto, não passam de um amontoado de células. Segundo os espíritos, em resposta à questão 358, “Há crime sempre que transgredis a lei de Deus. Uma mãe, ou quem quer que seja, cometerá crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do seu nascimento, por isso que impede uma alma de passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando.” Sabendo disso, como saber se um determinado embrião possui ou não um espírito ligado? A vidência, infelizmente, não se constitui em método seguro para responder essa questão pois essa faculdade depende do estado do médium e pode ser usada por espíritos infelizes para enganá-lo. Diante da preocupação de estarmos cometendo um crime de transgressão à lei de Deus, conforme a resposta à questão 358, os embriões congelados devem ser preservados. Isso, aliás, está escrito nos “Direitos do Embrião” [7] publicado pela Associação Médico Espírita do Brasil, AME-Brasil, na revista da Abrame (Associação Brasileira dos Magistrados Espíritas), cujos ítens 1 e 6 são transcritos a seguir:

1) Os direitos do embrião começam com a fecundação;

2) Como ainda não existem meios para identificar quais os embriões congelados que possuem ligações com Espíritos reencarnantes, todos devem ser preservados;
Por mais que as pesquisas com as células-tronco sejam a esperança de muitas criaturas sofredoras, como recentemente argumentado por Nunes Filho [8], o Espiritismo não sustenta a utilização dos embriões congelados nessas pesquisas, conforme a citação dos Direitos do Embrião [7], e mencionado por outros companheiros espíritas [9].

Temos em Missionários da Luz [10], de André Luiz, um exemplo de descrição (cap. 13) do processo de reencarnação de Segismundo. Segundo André Luiz, “... o elemento (espermatozóide) vitorioso prosseguiu a marcha, depois de atravessar a periferia do óvulo, gastando pouco mais quatro minutos para alcançar o seu núcleo.” Após observar que o instrutor se manteve em serviço de divisão da cromatina, André Luiz relata que ele ajustou a forma previamente reduzida de Segismundo sobre o embrião recém formado observando que “essa vida latente começou a movimentar-se.” A informação que nos interessa é a afirmativa de André Luiz de que “Havia decorrido precisamente um quarto de hora, a contar do instante em que o elemento ativo (espermatozóide) ganhara o núcleo do óvulo passivo.” (Grifos em negrito nossos). Na falta de outras referências, o valor de 15 minutos pode ser tomado como típico no processo de ligação do espírito à célula-ovo.

Nas clínicas e hospitais que trabalham com inseminação artificial, os embriões são congelados quando atingem 2 a 8 dias de idade, quando já se iniciou o processo de divisão celular [4]. Portanto, não há dúvidas de que um embrião formado in vitro, para o qual um espírito foi destinado ou atraído, a ligação entre ambos já existe no momento do congelamento. Sabendo do fato de que uma percentagem significativa de embriões não sobrevive ao processo de congelamento e posterior descongelamento, questionamos o uso do método de criopreservação, sugerindo um novo ítem para os Direitos do Embrião: que ele não seja congelado. Isso implicaria em modificação dos métodos oferecidos para os casais com problemas de fertilização pois o ideal seria que nenhum embrião fosse congelado. Isso certamente encarecerá o processo, mas estamos falando de vidas humanas e de espíritos que por serem nossos irmãos, merecem todo nosso esforço e respeito. Vale aqui, lembrar que existe uma outra alternativa para a obtenção de células-tronco de origem embrionária sem a necessidade de destruir o embrião. Foi ao ar no dia 14 de janeiro de 2005, no programa Globo Reporter, uma reportagem sobre células-tronco em que uma pesquisadora da Universidade Tufts, em Boston, descobriu que os fetos em desenvolvimento no útero de sua mãe fornecem células-tronco quando algum tecido ou órgão materno está lesado [11]. As células-tronco provindas do feto podem ser extraídas da corrente sanguínea da mãe, reproduzidas em laboratório e testadas quanto ao seu potencial terapêutico sem prejuízo algum tanto para mãe quanto para o feto [11]. Essa alternativa evitaria o sacrifício de embriões e as controvérsias em torno do assunto.

Em resposta à questão 345 de O Livro dos Espíritos [2], os espíritos dizem que “(...) Mas, como os laços que ao corpo o prendem são ainda muito fracos, facilmente se rompem e podem romper-se por vontade do Espírito, se este recua diante da prova que escolheu.” Isso significa que nenhum espírito está, a priori, condenado a permanecer ligado a um embrião congelado por tempo indeterminado. Se ele desejar, e tiver condições espirituais, poderá desligar-se do embrião que, então, passará a ser apenas um amontoado de células. Mas esta atitude, que não o isenta da responsabilidade pela decisão tomada, não garante que todos os embriões que são congelados por um período de tempo longo não possuam espíritos ligados. O caso que motivou o título deste artigo é um fato que demonstra isso.

De modo a vermos qual a situação de um espírito ligado por 12 anos a um embrião congelado, recorremos à questão 351 de O Livro dos Espíritos, onde Kardec pergunta se entre a concepção e o nascimento, o espírito goza de todas as suas faculdades. Os espíritos dizem que “Mais ou menos, conforme o ponto, em que se ache, dessa fase, porquanto ainda não está encarnado, mas apenas ligado. A partir do instante da concepção, começa o Espírito a ser tomado de perturbação, que o adverte de que lhe soou o momento de começar nova existência corpórea. Essa perturbação cresce de contínuo até ao nascimento. Nesse intervalo, seu estado é quase idêntico ao de um Espírito encarnado durante o sono. À medida que a hora do nascimento se aproxima, suas idéias se apagam, assim como a lembrança do passado, do qual deixa de ter consciência na condição de homem, logo que entra na vida. Essa lembrança, porém, lhe volta pouco a pouco ao retornar ao estado de Espírito.” (Grifos nossos). Essa resposta deixa claro que o espírito não fica necessariamente dormindo, inconsciente ou inerte durante o intervalo entre a concepção e o nascimento. Dependendo de seu estágio evolutivo, ele pode se deslocar para longe do seu embrião, estudar e trabalhar no Plano Espiritual, da mesma forma como um encarnado durante o sono. Como a fase embrionária é mais próxima do momento da concepção do que do nascimento, a perturbação tende a ser pequena, podendo o espírito gozar de mais liberdade quanto ao uso de suas faculdades.


Referencias
[1] A. Revel, A. Safram, N. Laufer, A. Lewin, B. E. Reubinov, A. Simon, Twin delivery following 12 years of human embryo cryopreservation: Case report, Human Reproduction 19, p. 328, 2004.
[2] A. Kardec, O Livro dos Espíritos, Editora FEB, 76a. Edição, Rio de Janeiro, 1995.
[3] S. Ben-Ozer, M. Vermesh, Full term delivery following cryopreservation of human embryos for 7.5 years, Human Reproduction 14, p. 1650, 1999.
[4] Site da Genetics & IVF, http://www.givf.com/embryov.cfm
[5] J. Toner, Transfer of Frozen Embryos into a Surrogate’s Natural Cycle, artigo do seguinte site:
http:www.surrogacy.com/medres/article/frozvsn.html
[6] L. L. Veeck, R. Bodine, R. N. Clarke, R. Berrios, J. Libraro, R. M. Moschini, N. Zaninovic, Z. Rosenwaks, High pregnancy rates can be achieved after freezing and thawing human blastocysts, Fertility and Sterility 82, p. 1418, 2004.
[7] AME-Brasil, Direitos do Embrião, Revista da Abrame 3, p. 15, 2004.
[8] A. D. Nunes Filho, Células-Tronco e Doutrina Espírita, Revista Internacional de Espiritismo Dezembro, p. 569, 2004.
[9] M. A. Moura, Em dia com o Espiritismo III, Reformador Dezembro, p. 34, 2004.
[10] A. Luiz, Psicografia d F. C. Xavier, Missionários da Luz, Editora FEB, 26ª Edição, 1995.
[11] http://enews.tufts.edu/stories/083004FetalCellsFosterResearch.htm

domingo, 7 de outubro de 2012

Uma Bela Experiência de Cume


O texto abaixo é de um amigo, Fernando Morais Ribeiro, engenheiro elétrico e executivo financeiro bem sucedido com experiência internacional, que decidiu alterar radicalmente o rumo de sua vida profissional, como resultado de uma mudança profunda na sua atitude perante a vida como um todo. Quando o escreveu, sua filha estava com cerca de três meses de idade. Publicou-o pela 1a. vez no seu blog, Pai do Céu, em 18 de junho de 2011. 

Fernando narra aqui uma bela vivência transcendente, experiência que Abraham H. Maslow chamou de “experiência de cume” (“peak experience”) e Carl G. Jung de “experiência numinosa”, na qual entramos num estado de consciência muito diferente do nosso estado habitual de vigília, ampliando nossa percepção e compreensão de nós mesmos e do mundo. 

O nome "O Caderno" tem a ver com a bela canção de Chico Buarque e Toquinho.

O Caderno de Che

Nesse final de semana posso dizer que renasci. Renasci para uma série de coisas das quais havia me esquecido, renasci para mim mesmo, renasci para minha filha, renasci para minha esposa.

Renasci para minha inocência que há tempos havia perdido, renasci para a esperança que existe no coração de cada um de nós, renasci para me aceitar. Renasci para as lágrimas e a gargalhada.

Foram apenas dois dias, duas manhãs, duas tardes, duas noites... mas valeram por uma eternidade, marcaram minhas vidas e minha alma. Minha filha e eu valsamos ao sabor dos nossos sentimentos, transpusemos barreiras que existiam em nossas almas; transformamos o mundo sem fazer esforço; fomos deuses capazes de sublimar atos hediondos.

Fecho meus olhos e ainda consigo ver os olhos trêmulos dela, ligeiramente perdidos no espaço como a procurar um norte; a pequena boca entreaberta como que a admirar cada rodopio e as imagens que passavam na tela; a cabeça a acompanhar a direção que os ouvidos apontavam, escutando palavras que eu somente decifrava; meu rosto colado ao dela, bochechas espremidas e o cheiro delicado de uma luz ardente a queimar em meu coração.

Não me via, mas sei que os meus olhos estavam embargados de água, esperando as comportas de meus olhos se abrirem para uma nova realidade. Continuávamos a dançar ao som de risos leves e soluços há tempos guardados. Ali naquele momento senti algo muito intenso, difícil de descrever, algo que me aproximou de todos e de tudo; fez dos meus inimigos seres queridos; dos amigos, diamantes eternos a serem guardados no meu coração.

Naquele momento me senti divino, não porque sou especial ou qualquer coisa do tipo, mas porque fui capaz de entender, por meros e efêmeros minutos, a plenitude do mundo e a minha pequenez. Ali, naqueles 2 minutos me conectei com algo maior; naqueles 2 minutos entendi porque o Criador - se é que há um - fez o maior de todos os sacrifícios e enviou seu filho para salvar todos os outros e disse ainda assim amar todos da mesma maneira; naqueles 2 minutos fui irmão de todos sobre o planeta; naqueles 2 minutos me fundi com a terra e todos os elementos, éramos um apenas, sem distinção, sem anátemas. E desejei simplesmente que minha filha pudesse ser feliz, que pudesse ser uma fonte de luz a todos a sua volta, tão grande que fosse capaz de absorver a escuridão ao invés de simplesmente iluminá-la.

E me lembrei de como era ser criança, cantando e dançando sem amarras. Ali naquela sala, alcei vôos altos que não tinham jornada, nem tempo de chegar ou partir, não tinham escalas - sonhei que ela podia ler meus pensamentos e que conversávamos sem dizer palavras, conversávamos com nosso olhar, com o toque de nossas mãos e o calor e aconchego do meu colo. E desejei que minha filha parasse de crescer, permanecesse daquela forma para sempre... ao menos em seu coração. Ao fundo, "O Caderno" me lembrava de que um dia raios de mulher irão surgir e, em conjunto com a canção, fiz um pedido à minha filha de que ela também não me esquecesse "num canto qualquer".

Ali naquela sala, naqueles 2 minutos, mesmo num dia cinzento, o sol brilhou mais forte do que nunca e tudo teve um sentido maior. Naqueles dois minutos, minha vida teve um sentido maior; naqueles dois minutos eu tive propósito; naqueles dois singelos minutos fomos a parte e o todo; naqueles dois minutos eu fui uma pessoa melhor. As comportas de minha vista estavam abertas a uma nova realidade, invadidas por sólidos raios de luz que quebrariam qualquer coisa, até o mais duro dos corações. E naquele momento sussurrei para a minha filha "tenha coração" e, pela primeira vez compreendendo o que sempre escutei, escrevi em páginas imaginárias: "Há que endurecer-se, mas sem jamais perder a ternura".


terça-feira, 2 de outubro de 2012

EMBRIÕES CONGELADOS x CÉLULAS-TRONCO: UM ALERTA!


Este texto, do meu amigo Alvaro Vannucci, foi publicado inicialmente em fevereiro de 2005, no Jornal Espírita da FEESP. É um importante alerta sobre possíveis implicações espirituais do congelamento de embriões.
Alvaro é pesquisador espírita, cientista e professor de Física da USP.

  
            Como todos nós sabemos, o corpo humano é constituído por células de diversas espécies que compõem, por exemplo, os ossos, as cartilagens, os nervos, os músculos, etc.; sendo que estas células possuem características diferentes entre si, para poderem executar as tarefas que lhes competem.

            Porém, todas estas células, de diferentes tipos e características, foram formadas a partir de um tipo de célula básica, denominada “célula-tronco”. Logo após a fecundação do óvulo feminino, pelo espermatozóide masculino, ocorre o processo de criação e multiplicação de células-tronco. Com o passar do tempo, estas células-tronco começam a moldar o corpo do embrião em formação, cada uma delas adquirindo as características dos tecidos do órgão e partes do corpo em que se situarão. No momento de nascimento da criança, praticamente todas as células-tronco já se transformaram em células específicas.

            Com o envelhecimento natural do organismo e também com o surgimento de doenças dos mais variados tipos, as células dos nossos órgãos (coração, cérebro, fígado, etc.) vão sendo destruídas e, muitas vezes, não são repostas, acarretando um mal funcionamento de um ou mais órgãos do nosso corpo.

            Porém, pesquisas que vêm sendo realizadas em vários laboratórios e hospitais têm demonstrado que a aplicação de células-tronco em órgãos (ou regiões de órgãos) que haviam sido considerados permanentemente lesados, causa uma rápida e espantosa recuperação dos mesmos. Por exemplo, uma célula-tronco implantada em um coração torna-se uma célula de coração, colocada em um fígado transforma-se em uma célula de fígado, inserida em um cérebro, torna-se uma célula cerebral, e assim por diante. Diante de tal maleabilidade, há mesmo quem acredite que o uso de células-tronco irá revolucionar a medicina moderna, face aos resultados tão promissores que vêm sendo obtidos.

            Este assunto, no entanto, tem levantado questões éticas muito importantes [1,2] que todas as pessoas, e os espíritas em particular, não podem deixar de discutir e de tomar uma posição. Aliás, os espíritas, por aceitarem o princípio de reencarnação e por possuírem informações valiosas vindas do mundo espiritual, constituem-se talvez no segmento ao qual maior responsabilidade cabe em querer esclarecer a presente situação.

            As células-tronco utilizadas nos experimentos em andamento são retiradas, basicamente: 1) da medula óssea do paciente, 2) da placenta e cordão umbilical de recém nascidos e 3) de embriões humanos.

            Enquanto o uso de células-tronco retiradas de medulas ósseas e placenta/cordão umbilical nos parece plenamente aceitável, o uso de embriões humanos – mesmo para fins terapêuticos – constitui-se em um procedimento extremamente grave com conseqüências que podem ser extremamente perigosas. Isto porque, pelo que se sabe até o momento, nada parece diferenciar um embrião que foi artificialmente fecundado in vitro daquele fecundado no ventre materno, de forma natural. Desta forma, a principal questão é: frente à possibilidade de haver Espíritos ligados aos embriões congelados, podemos tomar a decisão de aniquilar estas vidas embrionárias para curar - ou mesmo possivelmente salvar - uma outra? Porém há quem defenda enfaticamente a utilização de células-tronco de embriões humanos para estudos científicos. O argumento principal destas pessoas, dentre elas uma quantidade muito grande de cientistas, é que os embriões a serem utilizados já existem e, se não forem aproveitados desta maneira “racional”, simplesmente serão descartados, jogados no lixo!

            Chegamos então ao ponto crucial do presente artigo. As clínicas de fertilização artificial usualmente mantêm, ao longo de vários anos, dezenas de milhares de embriões congelados, sendo que a imensa maioria, de fato, não será utilizada! Este número enorme de embriões será, literalmente, jogado fora, no lixo! Não poderia esta alternativa de descarte dos embriões constituir-se numa prática totalmente inadequada e desastrosa sob a visão espírita,  em considerando-se que estes embriões possivelmente abrigam vida?

            Em resposta à pergunta 344 de O Livro dos Espíritos , formulada por Allan Kardec [3], os Espíritos respondem: “A união começa na concepção ...”, complementando em seguida, mais especificamente: “... Desde o instante da concepção, o Espírito designado para habitar certo corpo a este se liga por um laço fluídico ...” (grifos nossos).

            No livro de André Luiz, “Missionários da Luz”, psicografado pelo médium Francisco Xavier [4], a encarnação de um determinado Espírito é descrita em detalhes, dando a entender que todo o processo de ligação fluídica entre o Espírito e o futuro corpo infantil se estabelece em apenas alguns poucos minutos após a fecundação do óvulo da futura mãe, pelo espermatozóide do futuro pai.

               Perante estas informações, e considerando que a concepção, de fato, ocorre durante o processo de fertilização da célula sexual feminina pela masculina, então é possível concluir que, senão todos, pelo menos uma porcentagem significativa dos embriões que se encontram congelados, aos milhares, nas diversas clínicas de fertilização e hospitais, são vidas. Se concordarmos com esta linha de raciocínio e análise, então teremos que concordar também com a hipótese de que muitos Espíritos encontram-se nesta situação: a de estar esperando – em vão - um útero para lhes dar uma nova oportunidade para vir à luz!

            Em respondendo à Allan Kardec, quando ele formula a pergunta 136-a do “Livro dos Espíritos” [3], os Espíritos afirmam que “... A vida orgânica pode animar um corpo sem alma ...”. Esta frase abre, sim, a possibilidade de que possam existir embriões sem que Espíritos estejam a eles ligados (e esta talvez seja uma possível razão pela qual, atualmente, uma porcentagem muito grande de embriões não sobrevive ao processo de congelamento e posterior descongelamento). No entanto, como alguns embriões sobrevivem ao descongelamento e, após serem implantados no útero materno, acabam gerando o nascimento de crianças (mesmo após terem permanecido vários anos congelados), então: 1) ou aceita-se que a ligação do Espírito pode ocorrer após o processo de divisão celular já ter iniciado (em contradição, portanto, com a resposta da pergunta 344,  que afirma ocorrer a ligação no instante da concepção), ou 2) os Espíritos daquelas crianças permanecem por muitos anos ligados aos respectivos embriões congelados. 

            O ponto fundamental que se pretende discutir aqui, entretanto, não é quanto à escolha do que “seria melhor”; se simplesmente “descartar” estes milhares de embriões (possivelmente milhares de vidas) ou “mais racionalmente” utilizá-los, em suas mortes, para auxiliar outras vidas, aproveitando as suas células-tronco.

            O alerta que queremos deixar aqui é para os casais que procuram os serviços de clínicas de fertilização, permitindo a fecundação de suas células sexuais de forma a gerar estes embriões em quantidade tal, que uma parte sofre o processo de congelamento para futura possível utilização. Muitos destes casais provavelmente agem desta forma sem se aperceberem das reais dimensões do problema. Claro que é totalmente compreensível o anseio e a expectativa destes casais que têm dificuldades em gerar um filho. Porém, frente a este problema dos embriões congelados, não seria talvez o processo de adoção uma alternativa mais ética, mais cristã e mais socialmente aceitável? Por outro lado, se a opção ainda for pela fertilização in vitro,  não seria mais prudente apenas fecundar o número exato de óvulos maternos que se irá utilizar na primeira tentativa de gestação, embora sabendo-se que este procedimento pode significar um custo financeiro adicional ao casal?

            O alerta também se dirige aos médicos e profissionais da saúde que se  encontram  envolvidos com o processo de fecundação e produção de tais embriões, nas diversas clínicas de fertilização e hospitais. Não se estaria cometendo um grande equívoco, a geração possível de milhares de vidas congeladas a espera da morte? Vamos, todos, meditar um pouco mais profundamente sobre esta questão!

Referências
[1] – Universidade Federal do RGS: http://www.bioetica.ufrgs.br/celtron.htm
[2] – Instituto FHC: http://www.ifhc.org.br/pdf/marcozago_3011.pdf
[3] – “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec, tradução de J. Herculano Pires.
[4] – “Missionários da Luz”, Francisco C. Xavier/André Luiz, capítulo 13.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

HABILIDADES DE ATENÇÃO PLENA - Parte 2: Habilidades do Tipo O QUE - 3a. Série de Exercícios


3ª Série de Exercícios Práticos:

1. Observe seus pensamentos e rotule-os como pensamentos. Utilize, para isto, o exercício da tela (1o. exercício da série anterior), mas desta vez, à medida que os pensamentos aparecerem, divida-os em “pastas” diferentes de acordo com o tipo de pensamento, como por exemplo – “pensamentos sobre mim", "pensamentos sobre os outros”, “pensamentos sobre acontecimentos” etc.

Descreva como foi esta experiência para você e os tipos de pastas que usou.
  
2. Observe agora, além dos pensamentos (descrições, raciocínios e avaliações), também suas sensações corporais (p.ex., sensação de sono, ou de dor de cabeça, tensão muscular nos ombros etc.). À medida em que os pensamentos surgirem na tela mental, coloque-os numa pasta geral “pensamentos”. À medida em que as sensações forem surgindo, coloque-as na pasta geral “sensações”.

3. Observe agora, além dos pensamentos e suas sensações corporais, também seus sentimentos/emoções (p.ex., ansiedade, alegria, tristeza, frustração, impaciência etc.) e impulsos (p.ex., o impulso de parar o exercício) aparecerem na tela, e divida-os em pastas: uma pasta para pensamentos (de qualquer tipo), uma pasta para sensações no corpo, uma pasta para impulsos de fazer alguma coisa e uma pasta para emoções/sentimentos.

Descreva como foi esta experiência para você.

Diferença entre descrever e julgar: Julgar é rotular algo de maneira avaliativa. Descrever é apenas "apresentar os fatos".

terça-feira, 28 de agosto de 2012

HABILIDADES DE ATENÇÃO PLENA - Parte 2: Habilidades do Tipo O QUE - 2a. Série de Exercícios

Continuo, com esta postagem, a série Habilidades de Atenção Plena, cuja última postagem foi HABILIDADES "O QUE" DE ATENÇÃO PLENA, de 10/08/2012. Os exercícios aqui expostos são continuidade dos exercícios da postagem HABILIDADES DE ATENÇÃO PLENA - Parte 2: Habilidades do Tipo O QUE, de mesma data.


2ª Série de Exercícios Práticos: faça os seguintes exercícios. Primeiro só perceba, observe. Depois descreva o que você percebeu. Se você se distrair durante estes exercícios, observe-se,  tomando consciência de que está se distraindo
  
1. Imagine que sua mente é uma grande tela, e que os pensamentos  e imagens que lhe vêm estão aparecendo nesta tela. Você pode controlar o ritmo com que eles aparecem na tela. Perceba cada pensamento e imagem, mas não julgue, só observe. Em seguida, descreva para si mesmo como foi esta experiência, que dificuldades teve.
  
2. Imagine que sua mente é o céu, e os pensamentos (descrições, raciocínios e avaliações) e imagens são as nuvens. Observe cada nuvem à medida que passa lentamente (ou rapidamente).  Em seguida, descreva para si mesmo como foi esta experiência, que dificuldades teve.

sábado, 25 de agosto de 2012

CRIVOS DA RAZÃO – Parte 6: A Falácia do Argumento Contra a Pessoa – 4ª parte

Às vezes, o argumento ad hominem pode também ser provocado ou "chamado" pela própria pessoa. 


Por exemplo, suponhamos que João seja um político recém-eleito para um cargo executivo (prefeito, governador ou presidente). Um dos pontos mais enfatizado por João na sua campanha foi o combate à corrupção, ao desvio do dinheiro público, propondo combater isso com transparência. 

Entretanto, auxiliares do João tem sido flagrados em atos de corrupção,  com fartas evidências. E familiares diretos dele foram envolvidos em situações eticamente duvidosas. João, porém, contra todas as evidências, defende enfaticamente seus auxiliares e familiares, alegando que estão sendo vítimas da oposição ou da mídia mal intencionada. E pressiona sua base de apoio para que inviabilizem quaisquer tentativas de investigação de tais atos e situações.

Tempos depois, João propõe um projeto de lei que analistas questionam técnica e eticamente, indicando evidências de que poderá favorecer mais determinados grupos ligados ao partido do João, do que a população como um todo. Perguntado a respeito, ele dá justificativas, com base em documentos gerados por aqueles que seriam favorecidos, de que o projeto é bom para a população e para o Estado, e pede que confiem nele. 

Quando seus opositores atacarem o projeto de lei na sua concepção e intenções, fortalecendo suas críticas com os fatos relativos a comportamentos questionáveis de João nos episódios com seus familiares e auxiliares, estarão praticando o argumento ad hominem. Neste caso, estarão realmente cometendo uma falácia?

Pessoas, como o João, que praticam o "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço" e outras posições questionáveis (vide, neste sentido CRIVOS DA RAZÃO - Parte 5: A Falácia do Apelo à Autoridade), estão legitimamente sujeitas a que se duvidem de suas intenções, quando propõe uma ideia ou argumentam a favor ou contra algo, ou seja, estão sujeitas ao  argumento ad hominem. Contudo, ainda assim, também é legítimo que suas ideias e posições sejam analisadas objetivamente, pois até um suposto corrupto pode propor boas ideias e argumentos consistentes e válidos.

O mesmo raciocínio vale para comunicações via mediúnica, nas quais o espírito comunicante prega equilíbrio, tolerância e compreensão no relacionamento com nossos próximos, mas mostra radicalismo e intolerância preconceituosa ao se referir a cientistas, por exemplo. Esse também tem sido o comportamento de alguns dirigentes, expositores e escritores espíritas. 

A Ciência é usada por eles quando parece confirmar suas ideias, embora frequentemente estejam errados nisso, porque não compreenderam direito o fato ou a descoberta científica que acham que as "provam" (sobre "provas" científicas, veja O Que É Ciência - parte 1, penúltimo parágrafo e O Que É Ciência - parte 2, último parágrafo). Quando, porém, os fatos e descobertas científicas parecem conflitar com suas ideias, as renegam sumariamente, dizendo que o método científico não é adequado para analisar coisas espirituais. Ora, com este comportamento estão dizendo que o método científico é bom para analisar fatos espirituais quando os confirma, mas ruim no caso contrário. 

Desta forma, para adequarem o conhecimento científico às suas ideias, estão agindo como o mítico bandido Procusto com aqueles a que assaltava. Deitava-os num leito e, naqueles que fossem maiores que este, cortava-lhes um pedaço das pernas. Aos menores, esticava-os até que chegassem ao comprimento do leito.

Atualização de Cultura, por Deolindo Amorim

Este lúcido texto do jornalista, escritor e conferencista espírita brasileiro,   Deolindo Amorim (1906 - 1984), publicado no Anuário Espír...