segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

CRIVOS DA RAZÃO - Parte 5: A Falácia do Apelo à Autoridade

       A falácia do apelo à autoridade dá prosseguimento à série "Crivos da Razão" iniciada em 22 de setembro de 2010, com "Raciocínio Dedutivo". Como as demais postagens, baseia-se no prático e didático “Kit de Ferramentas da Filosofia”, do “Guia Ilustrado Zahar: Filosofia”, escrito pelo filósofo Stephen Law (Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008).

       Muitas vezes, acreditamos em algo porque uma autoridade no assunto nos diz que aquilo é verdade. Se o meu mecânico me aconselha a  por água, e não óleo, no radiador do meu carro, eu sigo o conselho. Mas, às vezes esses "apelos à autoridade" são problemáticos.
       
       A CONFIANÇA NA "AUTORIDADE" É JUSTIFICADA?
       Alguém que acredita que encontrará seu parceiro ideal, porque um biscoito da sorte assim disse, supõe que o biscoito é uma fonte confiável de informação. Você pode achar este exemplo ridículo, mas pense em quantas vezes anunciantes esperam que confiemos no endosso de uma "celebridade". Por que uma personalidade da TV deveria saber mais sobre carros ou cosméticos do que eu ou você?  Mesmo que uma pessoa tenha qualidades profissionais, elas podem não ser pertinentes - especialistas num campo são, com frequência, considerados autoridades em todo tipo de assunto, inclusive no que não conhecem bem.
       "Acredito que terapia com cristais funciona."
       "Por que?"
       "Porque o dr. João me disse isso."
       "O dr. João é algum tipo de especialista médico?"
       "Não, é professor de matemática."
       Neste exemplo, a especialidade do dr. João é matemática, não medicina. Não há razão para supor que suas idéias sobre terapia com cristais sejam mais fundamentadas do que as minhas ou as suas.
       Deveríamos desconfiar também de interesses escusos. Suponha que os cientistas do laboratório Superbranco nos dizem que a pasta de dentes Superbranca deixa os dentes mais claros do que qualquer outra marca. Podemos crer que cientistas que trabalham para um laboratório dão conselhos imparciais sobre seus produtos? E quando "Autoridades do governo" nos dizem que o atual governo está sendo melhor do que qualquer outro, podemos confiar neles?
       
       PERGUNTE-SE POR QUÊ
       Diante de um apelo à autoridade, pergunte sempre: a pessoa em questão é realmente uma autoridade? É uma autoridade no assunto que está em questão? Posso ter certeza de que essa autoridade não é tendenciosa? A opinião dessa autoridade é compatível com a da maioria das autoridades competentes nessa área?
       Se a resposta a alguma dessas perguntas for "não", seria prudente não confiar cegamente na pessoa em questão.

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