Meu contato com a meditação da atenção plena começou muitos anos atrás, quando li o clássico Introdução ao Zen Budismo, de D. T. Suzuki, com prefácio do C. G. Jung, e experimentei praticar o zazen, como é chamada a meditação zen budista. Foi uma experiência interessante, mas não estava ainda pronto para uma prática sistemática.
Nos últimos anos, tenho lidado algumas vezes, na minha atuação em Psicologia Clínica, com pacientes fronteiriços (borderlines), pessoas emocionalmente muito intensas, com dificuldade de administrar emoções, principalmente a raiva. No tratamento desses pacientes, senti necessidade de técnicas mais adequadas e eficazes para lidar com este transtorno de personalidade. Buscando alternativas, deparei-me com os livros da Marsha Linehan (foto acima), uma das grandes autoridades mundiais no tratamento deste transtorno: "Terapia cognitivo-comportamental para transtorno da personalidade borderline: guia do terapeuta" e "Vencendo o transtorno de personalidade borderline com a terapia cognitivo-comportamental: manual do paciente" (ambos da Artmed, 2010).
A abordagem de Linehan para o tratamento do transtorno de personalidade borderline (TPB) é por meio da ação de uma equipe multidisciplinar, que reconheço ser o mais eficaz para este tipo de transtorno. Porém, uma das bases do tratamento que propõe é o treinamento dos pacientes em técnicas de atenção plena, cujo fundamento é a meditação budista clássica.
Percebi que as técnicas de atenção plena desenvolvidas por Linehan para o treinamento da regulação emocional e do estresse eram úteis não apenas como tratamento complementar para pacientes com TPB, mas para vários outros transtornos. Os resultados preliminares que obtive sugeriram-me que mesmo pessoas sem queixa de transtornos poderiam se beneficiar com tais técnicas, inclusive eu mesmo. E comecei a praticá-las.
À medida que praticava e orientava meus pacientes neste sentido, senti a necessidade de conhecer diretamente a meditação budista de atenção plena. Foi quando comecei a frequentar as atividades de zazen para principiantes, da Comunidade Zen Budista, liderada pela Monja Coen Sensei. Sua simpatia e simplicidade cativou-me, bem como a acolhida simpática da equipe de monges. Descobri, também, que a Monja Coen e eu somos parentes, pois o sobrenome de solteira de sua mãe é Leonel, e todos com este sobrenome pertencem a uma mesma grande e antiga família brasileira.
Veja, também, Meditação, Evolução Emocional e Espiritual - parte 1 - e parte 3.
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