Falando dos gênios espirituais e filosóficos da Era Axial, Karen Armstrong aponta que "muitos trabalharam no anonimato, porém outros se tornaram luminares que ainda conseguem nos emocionar, porque nos mostram como uma criatura humana deve ser" (!!). Ela vê a Era Axial como "um dos períodos mais seminais de mudança intelectual, psicológica e religiosa que a história registra; não haveria nada comparável até a Grande Transformação Ocidental, que instituiu nossa modernidade científica e tecnológica".
Diante dessas afirmações, as perguntas que Armstrong faz a seguir ocorrem a muitos leitores: "Mas como os sábios da Era Axial, que viveram em circunstâncias tão diversas, podem falar a nossa atual condição? Por que haveríamos de buscar ajuda em Confúcio ou Buda? Certamente um estudo desse período distante só pode ser um exercício de arqueologia espiritual, quando o que precisamos é criar uma fé mais inovadora que reflita as realidades de nosso próprio mundo".
Respondendo a essas questões, a autora pondera que "nunca superamos de fato os achados da Era Axial. Em momentos de crise espiritual e social, homens e mulheres constantemente se voltaram para esse período à procura de orientação. Podem ter dado interpretações distintas às descobertas axiais, porém nunca as ultrapassaram. O judaísmo rabínico, o cristianismo e o islamismo, por exemplo, são rebentos tardios da Era Axial original". Para ela, "essas três tradições redescobriram a visão axial e a traduziram esplendidamente num idioma que falava direto às circunstâncias de seu tempo".
A autora nos mostra que, ao contrário do que a maioria de nós costuma achar, a visão dos profetas, místicos, filósofos e poetas da Era Axial é, em muitos aspectos, mais avançada do que a religiosidade pregada por muitos hoje: "Com frequência, presume-se, por exemplo, que ter fé é acreditar em certas proposições doutrinais. Na verdade, é comum chamar as pessoas religiosas de 'crentes', como se acatar os artigos de fé fosse sua principal atividade. No entanto, a maioria dos filósofos axiais não tinha o menor interesse em doutrina ou metafísica. As crenças teológicas de um indivíduo eram totalmente indiferentes para um Buda. Alguns sábios se recusavam com firmeza até a discutir teologia, argumentando que era nocivo e desviava a atenção. Outros diziam que era imaturo, irrealista e perverso procurar o tipo de certeza absoluta que muita gente espera encontrar na religião".
Prosseguindo, Armstrong indica que "todas as tradições que se desenvolveram na Era Axial empurraram as fronteiras da consciência humana e descobriram em seu bojo uma dimensão transcendente, mas não necessariamente sobrenatural e, em geral, se recusaram a discuti-la." Os sábios desta época não tentavam impor aos outros sua visão espiritual. Acreditavam que a fé era fundamentalmente um desenvolvimento íntimo de cada um. E que é "essencial questionar tudo e testar todo ensinamento religioso empiricamente,através da própria experiência pessoal".
Para esses sábios, "o importante não é em que um indivíduo acredita, mas como ele se comporta. Religião tem a ver com fazer coisas que produzem mudanças profundas no adepto". Para eles, "a única maneira de encontrar o que chamavam de 'Deus', 'Nirvana', 'Brahman' ou 'Caminho' era levar uma vida compassiva. Na verdade, religião era compaixão. Hoje em dia, muitas vezes achamos que, antes de adotar um estilo devida religioso, temos que provar, para nossa própria satisfação, que 'Deus', ou o 'Absoluto', existe. (...) Mas os sábios axiais diriam que isso equivaleria a pôr o carro na frente dos bois. Primeiro, é preciso comprometer-se com a vida ética; depois, uma benevolência disciplinada e habitual - não uma convicção metafísica - forneceria indícios da transcendência que se procura."
Veja a parte 1 desta postagem.
Diante dessas afirmações, as perguntas que Armstrong faz a seguir ocorrem a muitos leitores: "Mas como os sábios da Era Axial, que viveram em circunstâncias tão diversas, podem falar a nossa atual condição? Por que haveríamos de buscar ajuda em Confúcio ou Buda? Certamente um estudo desse período distante só pode ser um exercício de arqueologia espiritual, quando o que precisamos é criar uma fé mais inovadora que reflita as realidades de nosso próprio mundo".
Respondendo a essas questões, a autora pondera que "nunca superamos de fato os achados da Era Axial. Em momentos de crise espiritual e social, homens e mulheres constantemente se voltaram para esse período à procura de orientação. Podem ter dado interpretações distintas às descobertas axiais, porém nunca as ultrapassaram. O judaísmo rabínico, o cristianismo e o islamismo, por exemplo, são rebentos tardios da Era Axial original". Para ela, "essas três tradições redescobriram a visão axial e a traduziram esplendidamente num idioma que falava direto às circunstâncias de seu tempo".
A autora nos mostra que, ao contrário do que a maioria de nós costuma achar, a visão dos profetas, místicos, filósofos e poetas da Era Axial é, em muitos aspectos, mais avançada do que a religiosidade pregada por muitos hoje: "Com frequência, presume-se, por exemplo, que ter fé é acreditar em certas proposições doutrinais. Na verdade, é comum chamar as pessoas religiosas de 'crentes', como se acatar os artigos de fé fosse sua principal atividade. No entanto, a maioria dos filósofos axiais não tinha o menor interesse em doutrina ou metafísica. As crenças teológicas de um indivíduo eram totalmente indiferentes para um Buda. Alguns sábios se recusavam com firmeza até a discutir teologia, argumentando que era nocivo e desviava a atenção. Outros diziam que era imaturo, irrealista e perverso procurar o tipo de certeza absoluta que muita gente espera encontrar na religião".
Prosseguindo, Armstrong indica que "todas as tradições que se desenvolveram na Era Axial empurraram as fronteiras da consciência humana e descobriram em seu bojo uma dimensão transcendente, mas não necessariamente sobrenatural e, em geral, se recusaram a discuti-la." Os sábios desta época não tentavam impor aos outros sua visão espiritual. Acreditavam que a fé era fundamentalmente um desenvolvimento íntimo de cada um. E que é "essencial questionar tudo e testar todo ensinamento religioso empiricamente,através da própria experiência pessoal".
Para esses sábios, "o importante não é em que um indivíduo acredita, mas como ele se comporta. Religião tem a ver com fazer coisas que produzem mudanças profundas no adepto". Para eles, "a única maneira de encontrar o que chamavam de 'Deus', 'Nirvana', 'Brahman' ou 'Caminho' era levar uma vida compassiva. Na verdade, religião era compaixão. Hoje em dia, muitas vezes achamos que, antes de adotar um estilo devida religioso, temos que provar, para nossa própria satisfação, que 'Deus', ou o 'Absoluto', existe. (...) Mas os sábios axiais diriam que isso equivaleria a pôr o carro na frente dos bois. Primeiro, é preciso comprometer-se com a vida ética; depois, uma benevolência disciplinada e habitual - não uma convicção metafísica - forneceria indícios da transcendência que se procura."
Veja a parte 1 desta postagem.
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