“Tenha, porém, a paciência a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, sem faltar em coisa alguma.” (Tiago 1:4*).
Nessa frase, o apóstolo Tiago** está nos ensinando sobre a importância da paciência para nossa evolução. É isto que ele quer dizer ao escrever sobre construir a “obra perfeita”, para que sejamos “perfeitos e completos”. Nossa obra, aqui na Terra, é evoluirmos, tornando-nos cada vez melhores, aprendendo com os nossos erros e acertos, contribuindo para os nossos próximos e para nós mesmos... E, para isto, a paciência é fundamental!...
Como toda obra sólida, a paciência não é construída de uma só vez. Nós a construímos com os pequenos tijolos das nossas ações do dia-a-dia. Quando “nos pisam no calo” e conseguimos nos manter calmos, deixando de reagir com impaciência e agressividade, estamos construindo nossa paciência. Quando nos dão “uma fechada” no trânsito, e nos abstemos de xingar ou correr atrás para devolver na mesma moeda, estamos construindo a nossa paciência. Quando furam uma fila onde aguardamos há longos minutos, e mantemos a calma, argumentando com tranqüilidade, quando for o caso, estamos construindo nossa paciência.
Quando nos criticam injustamente ou nos provocam, e conseguimos fazer o que Tiago recomenda na mesma epístola (Tg 1:19) – que estejamos prontos para ouvir, mas tardos para falar e nos encolerizar –, nesses momentos, também estamos construindo nossa paciência.
Se os pequenos atos cotidianos de paciência são os tijolos para nossa obra, qual é o seu alicerce? O alicerce, a base sobre a qual construímos em nós uma sólida paciência é constituída de dois fundamentos: a fé e a esperança!
A fé em Deus, a convicção de que somos Seus filhos, de que o Pai Celeste nos ama infinitamente, que tudo o que nos acontece vem para o nosso bem e que, por isto, de tudo podemos tirar uma lição para evoluirmos!
E a esperança, a certeza de que tudo tende a melhorar, e da mesma forma que o sol nasce a cada manhã, novas oportunidades de vida surgirão, pois tudo se renova no Universo de Deus!
Com estes dois fundamentos, a fé e a esperança, temos um alicerce sólido sobre o qual podemos construir nossa obra de paz interior.
O apóstolo Paulo de Tarso nos incentiva, quando escreve, na sua carta aos Gálatas (Ga 6:9*): “Não nos desanimemos de fazer o bem, pois, a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos”. Isto é, se não pararmos no meio do caminho, colheremos os frutos!
Ter paciência não é simplesmente aguardar que as coisas aconteçam, mas trabalhar para que aconteçam e, com paciência, esperar que os frutos apareçam e fiquem maduros para colhermos. Quem tem paciência, persevera, persiste! Não desanima. O desânimo é uma forma de impaciência. Quando desanimamos, estamos perdendo a esperança em Deus, a fé na Sua Bondade, no Seu Amor por cada um de nós. Recuperarmos esta esperança e esta fé é condição importante para recuperarmos nossa própria vida!
Um caso vivido por nosso querido Chico Xavier, contado por Ramiro Gama, no seu livro “Lindos Casos de Chico Xavier”, ensina-nos uma boa providência que podemos usar para desenvolvermos a paciência no dia-a-dia. Chama-se “A Água da Paz”. Passa-se na época em que o jovem Chico morava ainda em Pedro Leopoldo, pequena cidade de Minas Gerais, e realizava reuniões mediúnicas semanais no pequeno e modesto centro espírita que havia fundado com amigos:
“Em torno da mediunidade, improvisam-se, ao redor do Chico, acesas discussões.
É, não é. Viu, não viu. E o médium sofria, por vezes, longas irritações, a fim de explicar sem ser compreendido. Por isso, à hora da prece, achava-se, quase sempre, desanimado e aflito.
Certa feita, o Espírito de Dona Maria João de Deus compareceu e aconselhou-lhe:
— Meu filho, para curar essas inquietações você deve usar a Água da Paz.
O Médium, satisfeito, procurou o medicamento em todas as farmácias de Pedro Leopoldo. Não o encontrou. Recorreu a Belo Horizonte. Nada. Ao fim de duas semanas, comunicou à progenitora desencarnada o fracasso da busca.
Dona Maria sorriu e informou:
— Não precisa viajar em semelhante procura. Você poderá obter o remédio em casa mesmo. A Água da Paz pode ser a água do pote. Quando alguém lhe trouxer provocações com a palavra, beba um pouco de água pura e conserve-a na boca. Não a lance fora, nem a engula. Enquanto perdurar a tentação de responder, guarde a água da paz, banhando a língua.”
Nós também, no nosso cotidiano, podemos usar a água da paz! Esta água, a que se referiu dona Maria João de Deus, não precisa ser uma água tangível, isto é, uma água que podemos tocar com as mãos, mas uma água intangível que podemos criar com a nossa imaginação, com o nosso pensamento.
No dia-a-dia, diante de empurrões, pressões, dores físicas, injustiças, provocações, trânsito complicado, e várias outras coisas que tendem a nos fazer perder a paciência, usemos a água da paz. Nesses momentos, imaginemos que estamos tomando um gole de água pura, a água da paz. E, com nossa imaginação, sintamos esta água pacificadora banhando nossa língua, acalmando-nos. E só a engulamos quando estivermos mais tranqüilos...
Fazendo isto regularmente, estaremos construindo nossa paciência!
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* Estou usando, para estas citações, a tradução para o português feita por João Ferreira de Almeida (BÍBLIA SAGRADA. Edição revista e corrigida – 77ª impressão, Rio de Janeiro, RJ: Imprensa Bíblica Brasileira, 1993).
* Estou usando, para estas citações, a tradução para o português feita por João Ferreira de Almeida (BÍBLIA SAGRADA. Edição revista e corrigida – 77ª impressão, Rio de Janeiro, RJ: Imprensa Bíblica Brasileira, 1993).
** Não há consenso entre os historiadores sobre qual Tiago seria o autor desta epístola. Os candidatos mais prováveis são dois. Um deles, Tiago, conhecido também como Tiago Maior (em estatura física), filho de Zebedeu e irmão do apóstolo João (Mt 10:2), foi um dos doze apóstolos escolhidos por Jesus e morto em 44 dC por ordem de Herodes Antipa I (At 12:2).
O outro é Tiago, filho de Alfeu, também um dos doze apóstolos (Mt 10:3), chamado de "Tiago Menor" (em estatura) (Mc 15:40) e também conhecido por Tiago, o Justo, por sua retidão e religiosidade (vide, nesse sentido, “Paulo e Estêvão”, ditado pelo espírito Emmanuel e escrito pela psicografia de Francisco Cândido Xavier). A maioria dos historiadores modernos inclina-se por ser este o autor da epístola.
Prezado Leonel,
ResponderExcluirPrimeiro, o visual do seu blog é muito bonito e de bom gosto.
Gostei do seu último texto, e sua conclusão de que nossa paciência baseia-se no exercício de fé e esperança é bem interessante e nos faz pensar. Acho bem legal quando o autor do texto descreve o “problema” e depois propõe uma “solução”.
Atenciosamente, Poliana.
Obrigado pelo comentário, Poliana! Fico feliz em ter conseguido transmitir a você, com a clareza que pretendia, algumas reflexões que fiz sobre a paciência. A base delas foi o cap. 67, "A Melhor Medida", do livro "Palavras de Vida Eterna", ditado pelo espírito Emmanuel e escrito pela psicografia de Francisco Cândido Xavier (34a. ed. - Uberaba, MG: Comunidade Espírita Cristã, 2007).
ResponderExcluirGrande Abraço!